Enquadramento

As Perturbações do Espectro do Autismo (PEA) são um conjunto de disfunções globais do desenvolvimento que afectam a capacidade de comunicar e interagir com os outros [1]. As PEA podem, por isso, ser caracterizadas por dificuldade de relacionamento com outras pessoas, dificuldade em estabelecer contacto visual, dificuldade em exprimir emoções, comportamentos repetitivos, resistência à mudança, entre outros [2]. A causa deste problema continua ainda desconhecida [3] e o seu diagnóstico é feito por observação comportamental.

As PEA englobam não só o autismo propriamente dito, mas também o Síndrome de Asperger , o Síndrome de Rett , o Síndrome de Heller , também conhecido como Perturbação Desintegrativa da Infância, e os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento Sem Outra Especificação [4]. Porém, a mais comum manifestação de PEA é o autismo.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o autismo afecta cerca de 70 milhões de pessoas no mundo inteiro [5].

Não existe uma cura para esta disfunção, no entanto, um diagnóstico precoce possibilita uma intervenção atempada que pode resultar em melhorias do comportamento autista. Esta intervenção tem por base terapias cujo objectivo é estimular a capacidade de comunicação da pessoa com PEA.

Nos últimos anos têm sido realizados vários estudos de forma a perceber qual a melhor maneira de ajudar os terapeutas nas suas sessões com crianças com PEA. Uma das recentes áreas envolvidas nestes estudos tem sido a robótica. Diversos projectos envolvendo plataformas robóticas têm sido desenvolvidos de forma a estimular a criança com PEA nas áreas em que esta apresenta mais dificuldades, nomeadamente na comunicação e nas interacções interpessoais [1].

Estado da Arte

Algumas das plataformas robóticas mais utilizadas na investigação e intervenção do autismo foram a Robota , o Kaspar e o Keepon .

A Robota , desenvolvida na Universidade de Hertfordshire , é um robô humanóide semelhante a uma boneca. Este estudo teve como principal objectivo avaliar a capacidade de imitação da criança com PEA [6].

O robô Kaspar é também humanóide e tem, aproximadamente, o tamanho de uma criança. Possui expressões faciais menos complexas que as da face humana e, por isso, é utilizado para estimular a capacidade de reconhecer emoções e expressões faciais [7].

Por fim, o robô Keepon , o menos humanóide dos três, possibilita apenas interacções não verbais e é utilizado para estudar a comunicação interpessoal [2, 8].

Um ponto comum a estes estudos é que todos sugerem que as crianças com PEA exibem determinados comportamentos sociais quando interagem com robôs, que não são observados quando interagem com outras pessoas. Este interesse em plataformas robóticas tem sido igualmente utilizado para mediar interacções com outras pessoas.

  Referências Bibliográficas

[1] Giullian, N.; Ricks, D.; Atherton, A.; Colton, M.; Goodrich, M.; Brinton, B., "Detailed Requirements for Robotics in Autism Therapy", IEEE International Conference on Systems Man and Cybernetics, pp. 2595-2602, 2010

[2] Kozima, H.; Nakagawa, C.; Yasuda, Y., "Interactive robots for communication-care: a case-study in autism therapy", IEEE International Workshop on Robot and Human Interactive Communication, pp. 341-346, 2005

[3] AIA - Associação para a Inclusão e Apoio ao Autista

http://autismoembraga.blogspot.com/p/perturbacoes-do-espectro-do-autismo.html (consultado a 3 de Dezembro de 2011)

[4] Pediatric Neurology

http://www.pediatricneurology.com/autism.htm (consultado a 3 de Dezembro de 2011)

[5] United Nations News Centre

http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=34272&Cr=health&Cr1= (consultado a 3 de Dezembro de 2011)

[6] Costa, S.; Santos, C.; Soares, F.; Ferreira, M.; Moreira, F., "Promoting interaction amongst autistic adolescents using robots", Annual International Conference of the IEEE Engineering in Medicine and Biology Society, pp. 3856-3859, 2010

[7] Ricks, D.J.; Colton, M.B., "Trends and considerations in robot-assisted autism therapy", IEEE International Conference on Robotics and Automation, pp. 4354-4359, 2010

[8] Mazzei, D.; Billeci, L.; Armato, A.; Lazzeri, N.; Cisternino, A.; Pioggia, G.; Igliozzi, R.; Muratori, F.; Ahluwalia, A.; De Rossi, D., "The FACE of autism", IEEE RO-MAN, pp. 791-796, 2010

[9] Hanson Robotics

http://hansonrobotics.wordpress.com/press-statement/ (consultado a 3 de Dezembro de 2011)